Roma - As Nações Unidas alertaram hoje dia 16 de outubro no Dia Mundial da Alimentação, para
o desperdício alimentar, uma das principais razões para que 842 milhões de
pessoas continuem privadas de quantidades suficientes de alimentos. No mesmo
comunicado, a ONU destacou a importância de uma dieta equilibrada para combater
o aumento da obesidade e garantir a saúde das populações.
Para marcar a data, na sede da FAO, em Roma, será oferecido hoje um almoço
totalmente feito com produtos destinados ao lixo.
Cerca de um terço dos alimentos produzidos em todo o mundo - ou 1,3 bilhão de
toneladas e mais de US$ 750 bilhões - por ano são atualmente desperdiçados, de
acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO).
"Com um quarto desses números, é possível alimentar 842 milhões de pessoas
famintas em todo o mundo", garantiu Robert van Otterdijk, especialista em
indústrias agrícolas e responsável pela infraestrutura rural na FAO.
Segundo ele, ao "reduzir à metade esse desperdício, bastaria aumentar a
produção alimentar mundial em 32% para conseguir dar comida a 9 bilhões de
pessoas, a população mundial prevista em 2050", de acordo com projeções
demográficas.
Atualmente, os peritos estimam ser necessário um aumento de 60% da produção
para responder às necessidades futuras da humanidade, um patamar insustentável
para o planeta, cujos recursos em terra e água não são infinitos.
Para Mathilde Iweins, coordenadora de um relatório sobre os custos ambientais
do desperdício, "as superfícies agrícolas utilizadas para a produção de
alimentos que não serão utilizados equivalem às do Canadá e da Índia, em
conjunto".
Se avaliarmos o desperdício alimentar como um país, seria "o terceiro emissor
de gás de efeito estufa, depois da China e dos Estados Unidos", com um consumo
de água equivalente a três vezes o Lago Léman (entre a Suíça e França), disse
Iweins.
Nos países em desenvolvimento, as reduzidas capacidades de armazenamento e de
acesso ao mercado são as principais causas do desperdício. Nas sociedades
industrializadas, a responsabilidade é do excesso de normas e regras, devido a
preocupações sanitárias ou estéticas.
Em sua mensagem pelo Dia Mundial da Alimentação, a ONU insistiu também na
importância de sistemas de produção duráveis. "Modelos não viáveis de
desenvolvimento degradam o ambiente natural, ameaçam os ecossistemas e a
biodiversidade, indispensáveis para o futuro abastecimento de alimentos",
acrescentou.
Se os esforços combinados dos Estados e das agências da ONU permitiram
reduzir, de forma espetacular, o número de pessoas com fome (mais de 1 bilhão em
2009), o número de subnutridos é ainda de 2 bilhões, que sofrem uma ou várias
carências em micronutrientes, como vitaminas e minerais.
A FAO mostrou que a subnutrição abrange 26% das crianças que apresentam
atraso no crescimento, e 1,4 bilhão de pessoas com excesso de peso, incluindo
500 milhões de obesos.
Em relatório publicado em junho, a organização avaliou que o custo econômico
da subnutrição e das carências em micronutrientes representam de 2% a 3% do
Produto Interno Bruto (PIB) mundial, ou seja, entre US$ 1,4 bilhão e US$ 2,1
bilhões.
De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), que fornece ajuda de
emergência a 80 países, é urgente reforçar o número de mães e crianças que
recebem produtos nutricionais especializados e focar essa atenção nos primeiros
mil dias de vida.
"Se a comunidade internacional investisse US$ 1,2 bilhão por ano, durante
cinco anos, na redução das carências em micronutrientes, a quebra da taxa de
mortalidade infantil e o impacto positivo nos rendimentos futuros podiam atingir
os US$ 15,3 bilhões", indicou o PAM, citando especialistas do Consenso de
Copenhague, um projeto voltado ao bem-estar da humanidade.
"Conseguir o maior número possível de alimentos de cada gota de água, porção
de terreno, partícula de fertilizantes e minuto de trabalho poupa recursos para
o futuro e torna os sistemas mais sustentáveis", lembrou a organização.
Fonte: Agência Brasil - ONU
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